Queria festinhas aos sábados à noite.
Pedia-me que passasse os meus dedos tímidos no seu cabelo, devagar, como lhe
fazia a mãe quando era só uma criança. Com a sua cabeça apoiada em meu colo,
fechava os olhos e sorria entretanto, mostrando os dentes brancos que iluminavam o quarto e afastavam as minhas
sombras, os meus medos. Acompanhava-me sempre com o seu elegante silêncio, a
pensar, se calhar em muitas coisas, talvez em nada. E como se fizesse magia,
criava música com só o respiro e aquilo tornava-se suficiente para me
apaixonar, para conseguir que eu ficasse ali quase imóvel, a olhar para ela e a passar novamente
o dedo na sua frente, a tocar lhe ao redor dos lábios. A desenhar
com o polegar um beijo que já antecipava com as pupilas dilatadas. E então não
precisava de mais nada para ser feliz. A
minha droga naqueles dias era ela.
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