lunes, 6 de marzo de 2017

As festinhas

Queria festinhas aos sábados à noite. Pedia-me que passasse os meus dedos tímidos no seu cabelo, devagar, como lhe fazia a mãe quando era só uma criança. Com a sua cabeça apoiada em meu colo, fechava os olhos e sorria entretanto, mostrando os dentes brancos que iluminavam  o quarto e afastavam as minhas sombras, os meus medos. Acompanhava-me sempre com o seu elegante silêncio, a pensar, se calhar em muitas coisas, talvez em nada. E como se fizesse magia, criava música com só o respiro e aquilo tornava-se suficiente para me apaixonar, para conseguir que eu ficasse ali quase imóvel, a olhar para ela e a passar novamente o dedo na sua frente, a tocar lhe ao redor dos lábios. A desenhar com o polegar um beijo que já antecipava com as pupilas dilatadas. E então não precisava de mais nada para ser feliz. A minha droga naqueles dias era ela.

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